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Bingo: O Rei das Manhãs (Filme Nacional)
Bingo: O Rei das Manhãs (Filme Nacional)

Bingo: O Rei das Manhãs (Filme Nacional)

Bingo: O Rei das Manhãs

Bingo: O Rei das Manhãs (Filme Nacional).

Lançado em 2017, do diretor Daniel Rezende.

Disponível nos Streamings: Netflix e HBO MAX.

Índice

Enredo

No Brasil dos anos 1980, Augusto Mendes é um ator frustrado que faz sucesso em pornochanchadas, mas sonha com os holofotes. Sua grande chance surge ao se tornar “Bingo”, palhaço apresentador de um programa infantil na televisão.

Graças ao jeito irreverente de Augusto, Bingo se torna um sucesso absoluto. Mas uma cláusula no contrato não permite que ele revele quem é o homem por trás da máscara, tornando-o o anônimo mais famoso do Brasil.

Livremente inspirado na história real de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo no programa do SBT.

Todos Riem com o Palhaço, mas Quem faz o Palhaço Rir?

Uma grossa camada de maquiagem, a roupa espalhafatosa e uma peruca engomada. Essa é a parte fácil para criar um palhaço, o problema é em quem colocar todos esses adereços. Nos anos 1980 o desafio era ainda maior.

Não bastava ser um palhaço, mas era necessário corresponder às expectativas da marca Bozo, que devido aos direitos autorais foi retratado no filme do diretor Daniel Rezende como Bingo.

Entre tantos atores que exerceram o papel, o filme retrata seu precursor e principal responsável pela consolidação do personagem, o ator Augusto Mendes, interpretado por Vladimir Brichta.

Não é um documentário, mas mostra a ascensão do programa que chegou a liderar a audiência da TV durante as manhãs. Diante da hegemônica Rede Globo, com a tradicional obsessão monárquica que criou a ‘rainha dos baixinhos’, a meta do maior investimento do SBT era bem mais modesta que a liderança.

Contrariando as expectativas, o fenômeno do palhaço norte-americano, adaptado à realidade brasileira, competiu pela liderança de igual para igual em uma época que a hegemonia da Globo era ainda maior do que hoje.

A concorrência mais justa seria muito benéfica para a televisão brasileira, porém nem tudo foi positivo nessa atração infantil. Com muito menos rigor em relação ao controle de conteúdo apresentado às crianças, as emissoras não poupavam esforços para garantir a audiência. Apelando sem escrúpulos à sensualidade ou a qualquer outro recurso que garantisse alguns pontos a mais na disputa com outros canais.

Mas, Nem Tudo Dura para Sempre…

Em pouco tempo ficou evidente que o palhaço era apenas uma peça do capital. Levado a acreditar que estava no controle, Augusto Mendes fez a parte mais difícil do trabalho, emplacando uma atração nova e desconhecida, cativando pequenos telespectadores e sendo responsável pela venda de incontáveis produtos que levavam a estampa do personagem que ele representou com maestria.

Dentro da lógica do lucro, Augusto foi substituído quando já não trazia apenas benefícios. Na guerra por audiência, o palhaço foi reduzido à maquiagem e roupa. Já não importava quem dava suporte aos adereços. Era mais lucrativo substituir uma engrenagem do sistema. Isso resultaria em números mais elevados aos patrocinadores, aos fabricantes de produtos com estampas do palhaço, ao caixa da emissora.

Levar um palhaço ao palco da televisão pode ter sido um sucesso televisivo e, consequentemente, econômico, mas a arte milenar de atuar como palhaço acaba desviada e até desvirtuada nas telas. Enquanto nos circos o palhaço é um falso coadjuvante, que atua à margem das atrações e acaba roubando o brilho para si, o programa de televisão o colocava como protagonista, com todas as implicações de ser apresentado em rede nacional.

No picadeiro do circo, o palhaço atrai as crianças para um evento lúdico, que já teve seu auge como principal entretenimento das cidades por onde a trupe passava. Na televisão a ideia é quase oposta. Não há mais o programa familiar de sair de casa e acompanhar um espetáculo. O palhaço passa a cumprir seu papel evitando que as crianças saiam de casa. Mantendo então, todas em frente ao televisor, com toda a comodidade e exposição ao marketing televisivo.

Retratando as Dificuldades

Com o tempo, o próprio personagem passou a ser descartável. Não bastava substituir o ator por trás da máscara, mas o palhaço, explorado ao limite, estava desgastado. Seu custo era muito alto e não era viável manter o programa no ar.

Restrito ao ator Augusto Mendes e as ambiguidades trazidas pelo sucesso de seu principal personagem, o filme retrata as dificuldades pessoais somadas aos obstáculos existentes na carreira de um ator. Salvo exceções que conseguem consolidar uma carreira, a grande maioria precisa batalhar cotidianamente em busca de um papel com destaque suficiente para render um salário digno.

O que o tempo mostrou ao ator é que a realização de um sonho não corresponde ao que idealizamos. Entre toda a megalomania que cercava o palhaço, o aparente conforto acumulava problemas em uma bolha prestes a explodir. Sendo ator, parece que o real desejo de Augusto Mendes, despido do fetichismo do sucesso, era o palco.

Um local onde pudesse expressar sua arte de forma livre, real e intensa, sem a necessidade de um ponto no ouvido transmitindo ordens e sem a obrigação de interromper sua apresentação para fazer propaganda dos produtos que financiam o programa de televisão.

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