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Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro
Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro

Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro

Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro.

Data de Lançamento: 8 de outubro de 2010.

Gênero: Crime/Ação.

Duração: 1h 55m

Direção: José Padilha.

Disponível nos Streamings: Amazon Prime Video e Globoplay.

Tabela de Conteúdos

Um Filme Simples

Após lançar o filme Ônibus 174, José Padilha já havia anunciado que os próximos passos seriam a formação de um policial corrupto. Como vemos em Tropa de Elite, seguido da formação de um político corrupto, para a qual o diretor aproveitou o sucesso do Capitão Nascimento (Wagner Moura) e sua tropa adaptando à continuidade da história a relação de policiais e certos políticos.

Tropa de Elite é um filme simples. Em linhas gerais vemos nas telas um recorte bastante fiel à forma como age tal tropa, ou seja, seleção rigorosíssima para ostentar uma caveira na farda e torturar favelados antes da execução sumária.

Não se trata de atirar primeiro e perguntar depois, já que perguntar só é válido no momento da tortura. Pela qual trabalharam políticos posteriormente famosos como Romeu Tuma, ex-chefe do Dops.

O surpreendente é que mesmo a tolerância zero sendo aplicada há anos nas favelas sem nenhum resultado positivo, a leitura de muitas pessoas em relação ao Tropa de Elite foi que a realidade deveria ser como o filme, sem perceber que tal metodologia já vem sendo aplicada sem sucesso.

O Sentimento que o Filme Trás

Difícil dizer o quanto essa leitura surpreendeu o diretor, mas o fato é que a interpretação foi extremamente abrangente. Atingindo várias camadas sociais e levando até pessoas ligadas ao cinema, como Arnaldo Jabor, a dizer que:

“Quando fui ao cinema ver Tropa de Elite, queria vingança”.

Pertinente deixar claro que pelo trabalho recente do crítico, uma bobagem a mais ou a menos não faz muita diferença. Podemos ver que Padilha trabalhou parte do segundo filme para tentar desfazer certos equívocos, colocando até o professor Fraga (Irandhir Santos) dando uma aula detalhada para mostrar que, continuando a reprimir marginais sem prevenir a formação dos mesmos, teremos em pouco mais de setenta anos toda a população brasileira encarcerada.

É óbvio que tal extremo nunca será atingido, mas dificilmente o diretor poderia ser mais didático com os adeptos da simples tolerância zero. O problema da segurança pública nas grandes cidades tem solução muito mais complexa do que um arsenal de metralhadoras. O que vemos neste filme é que as próprias origens do crime vão além dos traficantes que dominam os morros.

Padilha aborda diversas formas de violência, desde as mais diretas como milícias e continuidade dos policiais corruptos do primeiro filme, até agentes que têm suas ações nos bastidores do crime, como apresentadores sensacionalistas que utilizam o status de formadores de opinião para atuarem como manipuladores de opinião.

A Ponta do Iceberg

Chega a ser assustador pensar que o personagem Fortunato (André Mattos) é a caricatura de tantos apresentadores reais como:

  • Wagner Montes no Rio;
  • José Luiz Datena em São Paulo.

Sendo esse alerta um dos grandes potenciais históricos do cinema.

Ao longo do filme o Capitão Nascimento percebe que os tais vagabundos são a ponta do iceberg, cuja base não pode ser torturada e executada por uma série de fatores. A política, que a princípio deveria ser o primeiro passo para a solução, pode ser um sistema estruturado solidamente para a manutenção do status quo, agradando alguns poucos que conseguem ser beneficiados mantendo a ilusão de que os verdadeiros culpados são os que menos têm poder.

É possível notar que após a aula do professor de história o desenvolvimento do filme é outro passo, mais complexo, para desmistificar as interpretações equivocadas do primeiro filme. Os fãs de Tropa de Elite que entraram no cinema e vibraram nas primeiras cenas, com o Capitão Nascimento desconstruindo o trabalho dos favoráveis aos direitos humanos, podem com um pequeno esforço perceber que o personagem evolui desde o começo do primeiro filme até o final do segundo.

A complexidade do Capitão linha dura, que cativa por mostrar também o ser humano por trás da farda e da caveira, contribui muito para o sucesso do filme, assim como para a interpretação do mesmo.

Em oposição às cenas de ação que tanto atraem o público, sendo em uma delas quase inevitável a comparação com o hollywoodiano Rambo e sua metralhadora desenfreada, vemos a narração reflexiva de um homem que enxerga os próprios erros, se arrepende de algumas atitudes, se preocupa com a família, ou seja, não é uma simples máquina de guerra.

Mais Público, Menos Polêmica

Inicialmente Tropa de Elite não teria nenhuma sequência, agora Padilha já não nega a hipótese de continuidade. Com mais público e menos polêmica que o primeiro filme – talvez pelo consenso de que os políticos são corruptos ser maior que a forma de atuação da polícia – o diretor indicou os problemas nos bastidores da violência, uma possibilidade para a continuação seria dar um passo a frente na alternância de poder nas favelas.

Há pouco tempo muitos acreditavam ser impossível livrar os morros dos traficantes; as milícias provaram ser possível, mas as comunidades apenas mudaram seus credores.

Atualmente a nova medida apresentada como mais eficiente pelos políticos – os mesmos retratados em Tropa de Elite 2 – são as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), resta saber se a eficiência do panoptismo, ou seja, o monitoramento onipresente descrito por Foucault, citado no primeiro filme, trará mesmo benefícios ou é mais um engodo como a política de tolerância zero.

A narração do Capitão Nascimento deixa claro o óbvio: A corda sempre arrebenta para o lado mais fraco.

Resta à sociedade perceber que ela é o lado mais fraco.

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