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Boa Sorte – Um Romance Intenso – Filme 2014
Boa Sorte – Um Romance Intenso – Filme 2014

Boa Sorte – Um Romance Intenso – Filme 2014

Boa Sorte – Um Romance Intenso – Filme 2014.

Data de lançamento: 27 de novembro de 2014.

Gênero: Drama.

Duração: 1h 30m.

Direção: Carolina Jabor.

No momento, o filme não está disponível em nenhum streaming.

Tabela de Conteúdos

Substâncias

O uso de substâncias que alteram nosso estado de consciência acompanha toda a história da humanidade.

Dos mais leves chás aos mais potentes alucinógenos. O homem cria diversas situações para justificar tal consumo, como rituais religiosos, purificação, comemorações, etc. Até chegar ao puro uso recreativo.

Com o advento da modernidade o uso de algumas substâncias se tornou um grande problema. Muitas delas têm efeito em curto prazo, como a ressaca, que faz com que a força de trabalho do dia seguinte seja comprometida após uma noite de poucos limites.

Outras mostram resultados em longo prazo, deteriorando pouco a pouco a capacidade produtiva – física ou intelectual – e também comprometendo a produtividade.

Neste longa a diretora Carolina Jabor adapta o conto “Frontal com Fanta”, de Jorge Furtado, para através dos protagonistas João (João Pedro Zappa) e Judite (Deborah Secco) inserir o consumo de substâncias ilícitas em um contexto social, abrangendo as incoerências do discurso antidrogas e possíveis consequências do consumo de determinadas substâncias.

Estereótipos

João é internado em uma clínica psiquiátrica. O diagnóstico foi dado mais pelos pais do que pelos médicos. Judite é a moça por quem ele se apaixona, o problema é que aos 30 anos ela é portadora do HIV e seu corpo, já bem debilitado pelo abuso de substâncias tóxicas, não tolera os remédios. Não tem mais para onde correr.

Desses dois estereótipos, o de Judite é o que passa a mensagem mais simples e clara. Não se trata de levar uma vida presa à moral e aos costumes tradicionais, mas de saber dosar os excessos para que possamos desfrutar do que quisermos por mais tempo. O grande destaque do filme é conseguir passar essa mensagem se um moralismo exagerado.

Há momentos em que podemos identificar certo arrependimento da personagem, sobretudo quando ela se sente inibida de planejar um futuro incerto e provavelmente curto, mas a maior notoriedade está na postura crítica de Judite diante de sua própria condição e das escolhas que fez ao longo da vida.

João já forma um estereótipo mais complexo, sobretudo por todos que o cercam. Se por um lado crescem os distúrbios psicológicos, tanto em quantidade quando em diversidade, por outro há uma crescente capitalização desses distúrbios.

A quantidade de dinheiro que se movimenta com o comércio de remédios para o tratamento de problemas psicológicos é imensa, mesmo com a eficácia extremamente duvidosa.

Atitudes Metafóricas

As clínicas particulares, como a que João e Judite estão internados, são igualmente lucrativas e os psiquiatras envolvidos trabalham, amparados por essa estrutura lucrativa, com uma família desesperada de um lado e um paciente já encarado como louco de outro.

Através de algumas atitudes metafóricas somos instigados a pensar na diferença com que encaramos as pequenas loucuras diárias. João diz poder ficar invisível, bastando para isso misturar um medicamento com refrigerante, assim ninguém pode vê-lo.

Na verdade os exemplos disso apenas escancaram certos absurdos cotidianos; mostram o quanto podemos ficar entretidos com bobagens ou acostumados com absurdos a ponto de não enxergarmos o que está ao redor, a menos que algo muito inusitado aconteça.

Anestesiados em nosso cotidiano insano, mas já naturalizado, passamos a agir com intolerância diante do que consideramos anormal. É frequente vermos um comportamento distinto do que esperamos sendo taxado de loucura, doença, anormalidade e uma série de outros adjetivos que apenas mascaram nossa frustração por um comportamento que não se adequa às regras.

Conclusão

Tudo bem que o filme mostra o contraponto de João através de Judite, que na ausência de limites parece ter chegado ao fim da linha bem antes do que gostaria, mas é com ela que o rapaz se identifica e é o sentimento que surge entre os dois que toma o espaço de sua ansiedade, antes preenchida por remédios.

Um passeio rápido pelo centro de uma grande cidade nos dá inúmeros motivos para sentir angústia, a divisão que o filme nos mostra se dá pela tolerância em relação a como as pessoas lidam com tamanho desconforto. Parece que acostumar-se é tolerado, ignorar os problemas ou se tornar insensível até mesmo diante de pessoas próximas também é considerado normal.

O ‘problema’ parecem ser aqueles que não conseguem se adequar aos absurdos. Portanto qualquer tentativa de reação, qualquer tentativa de fuga com substâncias ilegais que alteram a consciência são logo taxadas de loucura e demandam tratamento, rendendo lucro, rendendo uma falsa sensação de dever cumprido por parte dos responsáveis pela internação.

Uma passagem breve, porém sempre marcante, é a de Fernanda Montenegro como avó de Judite, que com a maior naturalidade enrola um baseado e fuma como se fosse um cigarro comum.

Não teve tanta repercussão quanto o rápido beijo em Nathália Timberg na novela, mas atitudes controversas encenadas por uma atriz tão consagrada sempre ajudam a desconstruir preconceitos. É um passo pequeno, mas representativo.

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